quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Faraway Voice



Todos somos escritores da nossa história
Tu escreveste a tua sem utilizar rascunho.
Nunca te interessou perder tempo a passa-la a limpo...
Simplesmente não valia a pena. Optaste sempre por viver,
Enquanto a maioria de nós, apenas se preocupa em existir!
Eras a personificação da liberdade.
Todos os capítulos da tua vida foram exemplo disso...
Viveste mais em 28 anos que eu alguma o farei.
Querias viver tudo o que podias!
Eras um rebelde, que lutava por uma causa própria.
Um sonhador. Uma eterna criança que recusavas fazer crescer.
Eras um curioso, tinhas que experimentar tudo.
Um eterno insatisfeito. Buscavas sempre mais e mais.
Eras um espírito livre, que nunca se deixou aprisionar!
Eras o Peter Pan da minha NeverLand.


Viveste exactamente como querias viver.
Eras precisamente aquilo que mostravas ser.
Nunca quiseste viver a vida que os outros desenharam para ti.
Detestavas a normalidade que te tentavam impor.
Rias-te das regras sociais que restinguiam a tua liberdade.
Desconhecias o que era ser politicamente correcto...como amava isso em ti!
Desprezavas esta sociedade que te rotulava de louco.
E ignoravas todos aqueles que te olhavam de esgueira. Todos aqueles que não te compreendiam. Todos aqueles para quem não passavas de um falhado alucinado.
Dava-te prazer chocá-los. Gostavas de marcar a tua posição e não tinhas problemas em afirmar a tua indignação.

Vibravas com novas descobertas. Tudo era uma aventura para ti!
Amavas as coisas belas e simples da vida.
Limite era a tua forma de vida.
Experimentar tudo o que te pudesse causar êxtase, que te retirasse da realidade e te fizesse viajar num mundo paralelo só teu.

Davas-te conta do quanto te admirava? Do quanto significavas para mim?
Eras a minha manhã. O meu dia. A minha noite.
Eras aquele mundo onde adorava viver.
Porque era junto de ti que me sentia livre. Normal. Aceite. Em paz.
A ti, não tinha de provar nada.
Eras o único que conhecia o que escondia. Vias-me como ninguém.
Que será da Sininho agora que te foste?
Levaste contigo o pote de ouro que espalhava à minha volta.
Já nada brilha sem ti.

Por mais que tente,
O sol perdeu a sua beleza. E a lua já não me encanta.
Deixaste o meu coração frio.
E a minha essência não vive, sobrevive.

As vezes parece-me que estou a viver um sonho mau.
Sinto-me num barco, no meio de um mar agitado e turbulento.
E sinto-me Só. Mesmo estando rodeada de gente.
Tenho vontade de gritar. Um grito mudo de dor que é espelho do meu desespero.
Um grito de fúria e revolta que chegue até onde tu estás.
Porque me abandonaste? Como foste capaz de me deixar para trás?

Passe o tempo que passar, a tua morte nunca fará sentido.
Continuo a sentir-te tão presente ainda em mim.
Como gostava de te poder ver mais uma vez. Poder-te dizer tudo aquilo que ficou por dizer.
Porque achei que teria sempre tempo?  Porque nunca te disse o quanto eras especial ao meu coração?
Sabes quantas saudades tenho que te deites no meu colo, ver-te adormecer embalado pelas minhas mãos que desenhavam obras de arte nos teus cabelos?
Sabes quanta falta me faz ouvir o som do teu riso?
Já nem dele me consigo lembrar...