sexta-feira, 13 de abril de 2012

Regresso Poetico


Olá amigos!

Como o que é bom acaba depressa, ontem as minhas duas semanas de "férias" na Madeira chegaram ao fim! Parece sempre tanto tempo, mas a verdade é que passa à velocidade da luz! E quando dou conta, já tenho de me despedir daqueles que gostava de ter sempre perto de mim!
Porém a vida é mesmo assim, e são as escolhas que fazemos que trilham o nosso caminho! Por isso, não me vou por para aqui a lamentar. Até porque é também muito bom estar de regresso a esta terra que amo como se fosse minha!
E vamos convir que desta vez tive uma viagem poética! Então não é que o avião que me trouxe de volta à Invicta foi baptizado nada mais nada menos com o nome do meu querido Fernando Pessoa?! Apesar de ter como companhia de leitura o humor  refinado de Saramago, hoje para me redimir deixo-vos um dos meus poemas favoritos de Pessoa. Ou melhor, do meu heterónimo de eleição, Alberto Caeiro, Não sei quantas almas tenho:

"Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,

Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu. 
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem, 
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou. 

Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti. 
Raleio e digo: "Fui eu"?
Deus sabe, porque o escreveu."

Até breve**