domingo, 29 de junho de 2014

Na minha solidão estás tu. Sempre tu.


Ontem senti a tua falta. Senti-a como à muito não acontecia... 
Precisei de ti, precisei de te fazer queixinhas da Vida. Deu-me uma tareia, sabes? Ainda tentei vestir a minha armadura e ripostar mas ela limitou-se a rir malvadamente da minha impertinência e levou-me ao tapete sem piedade. 
Ontem precisei de me fazer pequenina, de me encolher nos teus braços a lamber as minhas feridas.  Desejei estar só. Estar só, contigo. 
Precisei que me olhasses. Precisei do balsamo dos teus olhos cor de mar nos meus arranhões. Precisei que eles me falassem. Era apenas esse som que necessitava ouvir. 
Quis neles voltar a mergulhar e simplesmente deixar-me ir. Estou certa de que estarias tranquilo mas vigilante a aguardar que regressasse à tona. Sei que me resgatarias se fosse longe de mais. 
Assusta-me a sumptuosidade do mar, sabes isso. Sempre me espicaçaste sarcasticamente por este meu medo. Achavas peculiar uma ilhéu que teme esta força da natureza. Mas o que não te disse, é que nunca temi perder-me nessas águas azuis bem mais perigosas.
Era inevitável que acontecesse. Soube, senti nas minhas entranhas com uma certeza que não se explica que era essa a minha sina. Não tentei escapar ao meu fado, pelo contrário. E tal como esperava, perdi-me nelas, perdi-me em ti. E continuo à deriva. Ainda assim, não desejaria outro destino que não este. 
Ontem não consegui ser a mulher corajosa que admiras. Era a menina frágil e magoada que apenas tu conheces. Que apenas contigo sinto à vontade para o ser. 
Não quis ouvir palavras ocas de consolo. Fechei-me no meu mundo, fugindo de frases feitas de animo que sei-as cheias de boas intenções. 
Ontem não precisava de ninguém. Não queria ninguém. 
Só aninhar-me no teu colo e deixar que me protegesses. 
Ontem não queria ninguém. 
Não queria ninguém... que não fosse tu.