terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Perdoa-lhes Porto!



"Melhor destino Europeu em 2012 , em 2013 não pudeste concorrer devido á distinção anterior, mas recuperaste o título em 2014. Mas esta é apenas uma gota no leito do teu esplendoroso Rio Douro. Em 2015 um dos jornalistas mais reputados do "New York Times" visitou Portugal e ficou encantado com o Algarve, rendido a Lisboa mas salientou o amor e a magia únicas que sentiu ao visitar-te e ao explorar cada canto teu. Salientou a simpatia e a hospitalidade das tuas gentes ,a tua sofisticação, a tua segurança e os teus preços. Sim, a ti Porto. Em 2016 o "New York Times" sedento de saudades voltou a visitar-te e a lançar um roteiro completo sobre como aproveitar ao máximo cada minuto de magia nas tuas ruas, nas tuas calçadas, na tua essência. Em ti, vive uma das 10 livrarias mais belas do Mundo, uma das 10 mais belas estações de caminhos de ferro do Mundo, o 4o melhor aeroporto do Mundo, enfim, tornaste-te no teu próprio Mundo. Ao longo dos dois últimos anos tive o privilégio de conhecer bastantes turistas ou estudantes de Erasmus que por ti se passeiam, e todos por ti se derretem. Nos últimos anos o teu crescimento como grande metrópole Europeia faz de ti hoje o destino mais procurado neste pedaço de terra á beira mar plantado.


Mas, sabes meu Porto, a história exigiu que tu e as tuas gentes que se tornassem subservientes de uma ditadura. Uma ditadura a quem passaram a chamar democracia em Abril de 1974, onde se substituíram balas por cravos na ponta das espingardas e num show de transformismo passaram a chamar-lhe "liberdade". Como eu te reconheço toda a inteligência e a sagacidade dos audazes, ambos sabemos que continuas a ser escravo de um centralismo em prol de um país que não te merecia ter. Há poucos anos, aqueles que te dão vida, eram o segundo povo mais pobre da União Europeia dividindo-a em regiões. Esses abutres do elitismo da capital, aquele elitismo foleiro de provinciano a tentar falar com voz de tia, diariamente passam uma imagem totalmente falsa daquilo que te faz respirar. Exibem uma cidade violentíssima (tantas vezes ja percorri as tuas ruas de madrugada e nunca nada aconteceu) carregada de criminalidade e de quase terror citadino , um povo atrasado ,procurando o maluquinho pobre que dá de comer ás pombas na Batalha ou um homem amargurado com a vida carregado de vinho no bucho para falar para a televisão de forma a transmitir um atraso mental complexo em ti, ou transformando esse teu sotaque tão belo e único numa espécie de paródia nacional quando na capital se fala como se existissem duas pregadeiras nos cantos da boca.

Tornaste-te maior do que aquilo que deverias e puderias ser, tornaste-te aquilo que jamais as mentes bacocas lá de Marrocos seriam capazes de permitir. O teu povo, sim, o teu povo, trabalha para pagar pelos pecados cometidos por aquela gente sem escrúpulos, sedenta de poder e de desrespeito pelos ideais que prometeram respeitar. Hoje, começas a ser censurado ... A transportadora aérea Portuguesa começa a cortar as ligações aéreas até ti, o Turismo de Portugal não gasta os mesmos milhares de euros para te promover da mesmo forma que promove o "Allgarve" (levaram a questão do marroquino ao máximo) ou as sete colinas da sua bandeira, a sua capital , a sua obra prima. Serás perseguido , serás rebaixado, serás ridicularizado, numa tentativa clara de esmorecer a paixão e o amor que despertas pelo Mundo, mais do que qualquer outra cidade Portuguesa.

Mas o mais curioso de tudo, o mais curioso de tudo é os livros de história chamarem-te a "Cidade Invicta". Por favor, algum catedrático que corrija esse erro catastrófico na forma como se ensinam as crianças, pois não foste a cidade Invicta, és a Cidade Invicta e pela frente terás um sem número de batalhas que certamente fortalecerão esse teu estatuto, pois por mais que tentem, nada te derrubará e é por isso é que os deves perdoar, pois sem as tentativas de te derrubar o teu titulo Invicto seria aí sim, um pedaço de história ..."



Texto escrito por João Silva, publicado  
Aqui 

Estas palavras são escritas por alguém que a Invicta enfeitiçou, tal como o fez comigo. Palavras belas e duras que não fogem um milímetro à verdade. Este é o texto que eu teria gostado de escrever sobre o Porto. É um amontoado de palavras para ti Porto e para todos os que te amam. 

Até breve**