segunda-feira, 24 de maio de 2010

Era uma vez... ( Parte I )


" Não há coisa mais engenhosa do que penetrar no mundo de alguém e tornar-se importante para ela" 

Podia dedicar esta frase a um grupo restrito de pessoas.
Mas não...
Hoje, esta frase é apenas para ti! 
Sabes que por muito que pense, não consigo lembrar-me de quando, onde, ou com quem estávamos a primeira vez que falamos. E tão pouco das palavras que trocamos. Mas lembro nitidamente a primeira vez que te li.
Lembro, que senti-me incrédula por descobrir que a prosa era a tua segunda língua, e que sensibilidade era talvez a real essência do teu verdadeiro eu.
As tuas palavras, representavam um abismo de incoerência entre a pessoa que julgava conhecer e a que acabava de ler.  
Nessa noite, despertaste o interesse que meses de convívio não conseguiram. E foi nessa mesma noite, que decidi ter-te perto. 
Queria estudar-te como os cientistas fazem aos ratos de laboratório.  Acredita, isto que acabei de escrever é um elogio.
Poucas criaturas suscitam em mim a curiosidade em entendê-las. Na verdade, normalmente, limito-me a aceitar como são. 
Tu não. 
A ti, quis poder desmontar peça a peça até descobrir de que matéria és feito na realidade.
Esta tarefa revelou-se mais difícil do que estava a espera, confesso-te.
Tu não facilitavas. Mas eu não estava disposta a desistir.
Demorei a entender que para conhecer-te teria de utilizar a mesma técnica que utilizo para entender Saramago ou Herberto Hélder, e interpretar-te através das entre-linhas do teu discurso.

Continua brevemente....