sábado, 19 de junho de 2010

Lua no teu umbigo



"Talvez consiga adormecer
se não pensar nos teus beijos
que ainda ardem neste deserto
que é a minha pele sem ti.
Sinto-os
como formigas doidas a correrem
por mim acima desvairados, sem norte,
perdidos quem sabe se na pressa
de voltarem a ser beijos
mais fundos que a pele,
sedenta desse toque que só tu consegues,
quando o calor da tarde que começa te incendeia
em labaredas por inteiro,
dentro e fora, meu Vesúvio de Janeiro
onde me deito e adormeço.

Deixa-me voar de novo colado a ti,
meu pássaro sonhador.
Anda, vamos nesta brisa quente
à procura de uma terra que não conheço
e deixa-me desbrava-la
como se o mundo acabasse
agora, nesta tarde morna, de luz coada,
perdida no poente
imaginando,
quando os teus olhos me falavam sem palavras
e me diziam que tudo era possível
na caminhada sem medo.

Deixa-me partir no teu beijo que tardo
em querer esquecer.
como quem sussurra um segredo,
abre-me o teu peito
em que me deito
e estremeço.

Deixa-me voar contigo.
Deixa-me tocar
a lua no teu umbigo."

Alberto RioGrande