quarta-feira, 2 de março de 2011

Pecado Original


Chegaste de mansinho, e sem convite invadiste o meu espaço como se fosses legítimo proprietário do mesmo. Ignorando os meus protestos, avanças predador de encontro à minha voz.
Já não protesto contra a tua incómoda presença, mas contra o sorriso felino que me presenteias.
Presunçosamente fazes calar a minha indignação com os teus lábios venenosos. Beijas-me violentamente roubando o ar que é meu.
Arrogante, sussurras ao meu ouvido que não te contentarás com menos do que possuir a minha alma.
Olhas-me confuso. Pareces não compreender o absurdo das tuas palavras e a irritação que estas provocam em mim. Afinal só estás a cobrar algo que assumes ser teu por direito.
Em vão luto para me libertar dos tentáculos que sufocam o meu corpo de encontro ao teu. Contorço-me como um animal selvagem que se vê encurralado. Tento morder-te. Arranhar-te. Magoar-te. Mas a minha fúria, como bom predador que és, só aumenta o teu gozo.
Olhas-me provocador e em teus olhos vejo o reflexo da minha alma.
Contrariada sinto a resistência a bater lentamente retirada.
" És minha."
" As tuas palavras mentem-me. Mas é o teu corpo que te entrega."
" Pertences-me. Isso nunca vai mudar"
Derrotada cedo aos teus anseios.
A tua respiração aumenta, o meu desejo duplica e assim entre beijos ardentes e descontrolados, a roupa vai desaparecendo, a resistência desvanecendo, fica só nós e a loucura que nos une.
" És minha."
Eu e tu, tu e eu, não se explica. Não se entende. Apensas sente-se.
" És minha. Não porque possua o teu corpo. Mas porque possuo a tua alma."