terça-feira, 24 de maio de 2011

Ne stultus te et non cognovisti de destitutione


Circula em minhas veias sangue inflamado que me devora como uma oculta labareda.
Suspiro procurando bosques solitários que encho de lamentos e constato que antes de ti, todas as minhas afeições eram efémeras.
O que penso poucos sabem, e ninguém o pode ver.
Penso e não me queixo. Em segredo sei sofrer.
Guardo a sete chaves este amor que corroí e sufoca, mas que preciso dele para sobreviver.
Dou por mim chorando, em desespero resignado de quem já nada espera.
Procuro ocultar as lágrimas que espelham o que tenho negado admitir. 
Neste meu órgão pulsante já não há fogo para alimentar qualquer esperança.
Olho para o futuro, e vejo-o cerrado. 
Sem um único raio de luz que me fite os olhos, para ultrapassar com mais ânimo as trevas do presente.
É neste momento que vejo que a ilusão do teu amor era o laço mais doce e forte que me prendia a este mundo.
Quantas vezes me deixei iludir por ele?
Consolava-me entrando por essa porta que se abria para um mundo imaginário, onde me refugiava da tua indiferença.
Continuo ainda olhando-te com olhar demorado e percutor que por breves instantes aquece-me o coração. Nem te das conta. O meu olhar nada te diz.
Ver-te agora, é uma rara entreaberta de felicidade em meus dias que me envenena o espírito. E que apesar da felicidade que sinto, muito mais mal me causa.
Preciso de acabar com esta tortura que tu inconscientemente me tens infligido.
Resta-me apenas dizer-te Adeus. E matar-te no meu coração.
Já é tempo de por termo a esta doentia ilusão.