segunda-feira, 7 de maio de 2012

As Intermitências da Morte

Olá amigos,

eu sei que estou em falta em relação à minha escolha mensal de leitura... por isso este mês vamos ter dose dupla! 
Para o mês de Abril tenho para vos apresentar o que eu considero ser uma obra literária sem precedentes.


As Intermitências da Morte de José Saramago subiu em flecha para o topo dos meus livros de eleição.
Tinha-o lido à uns anos atrás e voltei a sentir novamente vontade de o reler à pouco tempo. Ainda bem que o fiz. Há livros que pela sua profundidade requerem um determinado grau de maturidade. De entendimento. Este é claramente um deles. 
Esta obra apesar de ser considerada um romance discordo em parte de tal atribuição. Rotulá-lo de "romance" é ser reducionista. Porque este livro, é muito mais que "apenas" isso. É sim uma dissertação crua sobre a mediocridade do Ser Humano, sobre a vida, a morte e sim, sobre o amor e o sentido ou falta dele na nossa existência. 
Saramago é um mestre na forma como conduz o leitor. Depois de colocar a hipótese: "No dia seguinte ninguém morreu" (forma como começa o livro) o escritor vai desenvolvendo este tema e todas as consequências sociais que advém deste simples facto: a morte tirou férias. 
Durante longos meses os Seres deste País (que acabamos nunca sabendo o nome...) tornam-se imortais. A ideia parece à partida fabulosa! Porém, Saramago fez-me no decorrer destas páginas desejar vivamente que isto nunca, nunca chegue a acontecer! Garanto que chegarão à mesma conclusão...
Todavia, não demora a que Saramago reponha o equilíbrio natural da vida. Quando menos se espera faz regressar a morte, que sendo a boa profissional que é, recomeça a executar o seu trabalho com mestria e sem piedade... é fantástico ver a transformação do Homem perante estas duas realidades!
Não vou desenvolver mais o tema para não correr o risco de tirar o gozo a quem irá lê-lo. Apenas quero dizer-vos que este não é um livro qualquer. Ele mexe intrinsecamente com a essência de todos nós.
Saramago tem uma escrita cheia de duplos significados mas não é uma literatura que considere árdua a nível interpretativo. Além do que o sentido de humor deste senhor é delicioso de tão mordaz. É a cereja no topo do bolo. Escusado será dizer, depois do que acabei de escrever, que o sarcasmo e a ironia estão constantemente presentes folha após folha.

Vale a pena começar a ler Saramago por este livro.
Muito bom mesmo!
Espero que o leiam e que gostem!

Até breve**