Existe uma beleza que não sou capaz de explicar e que sei que a maior parte das pessoas que conheço não consegue compreender nos dias de inverno, que me encanta. Não sei se é a nostalgia que estes dias cinzentos e chuvosos trazem-me, mas acho-os singularmente belos.
O bater na vidraça das gotas a cair lá fora, o som do vento que anuncia tempestade, o cheiro a terra molhada e aquele friozinho gostoso de Novembro, já me deixa satisfeita. Se a isso juntar, uma tarde de sofá, um pijaminha confortável, uma manta polar à minha espera, um café fumegante para me aquecer o corpo e um bom livro para me aconchegar o espírito, é tudo o que preciso para ser feliz!
E hoje está um dia perfeito para ficar por casa, sem programas agendados, apenas com um objectivo preguiçar durante toda a tarde! Ao meu lado tenho Os Três Mosqueteiros de Alexandre Dumas e o som da banda sonora do filme Orgulho e Preconceito embala-me os sentidos enquanto embarco nas aventuras de D'Artagnan e os seus companheiros.
Por isso quando ouço queixarem-se do frio, do quanto detestam dias cinzentos carregadinhos de chuva, eu sorrio quase embaraçada, sussurro um tímido "eu adoro"... já à espera das reacções de horror perante esta minha escabrosa revelação. Estou certa que aqueles que sabem que sou apaixonada por Florbela Espanca ao ouvirem isto assumem que estou em depressão profunda!!!
Nestes momentos, em que já nem me dou o trabalho de defender os dias "feios" de Inverno, na minha mente viajam imagens dos dias como o de hoje, e lembro-me docemente da voz do R. segredar-me ao ouvido verdades que só nós dois entendemos: "Existe coisa melhor que um abraço apertado quando está frio lá fora? Adoro o inverno porque a humanidade por necessidade acrescida de aconchego torna-se mais afectuosa." E sorrio, porque de facto, os abraços são bons em qualquer altura do ano, mas no inverno estes sabem igual a uma caneca gigante de chocolate quente com marshmallow's, que bebericamos lentamente porque queremos prolongar esta sensação de profunda satisfação o mais longamente possível.
Até breve**
