hoje li este texto publicado no Público da actriz Sónia Balacó com o seguinte título, "Saudade: já chorei em aeroportos ao deixar quem não queria ver partir". E só estas palavras iniciais foram suficientes para encolher o meu coração.
No final da leitura do texto, tinha uma lagrimita teimosa e atrevida a espreitar no canto do olho e a querer saltar cá para fora. Como me identifiquei em cada uma palavra que ali encontrei escrita.
É verdade que escolhi esta situação para mim. Podia ter voltado para a Madeira quando terminei o curso, optei por não o fazer. Todavia, isso não significa que não me custe todos os dias estar longe daquele bocado de terra que ainda tenho como minha, mas o que doí fundo na alma e é uma ferida que não passa, são as pessoas que deixo para trás em cada regresso meu à Invicta.
Por muitas vezes que já tenha feito estas despedidas e por muitas que ainda venha a fazer, nunca me vou habituar a fazê-las. É impossível habituar-me a dizer adeus àqueles que "Enquanto eu transito... aguardam na repetição dos dias que a minha chegada os torne um bocadinho mais cheios."
Cada vez que passo o segurança e entro para realizar o embarque os beijos e abraços já ficaram para trás, mas enquanto subo as escadas rolantes volto-me sempre para aquele derradeiro adeus que sei que está à espera que me volte para isso. Aquele ultimo aceno, aquele ultimo beijo atirado, aquele ultimo olhar... trás com ele uma sensação de abandono tão esmagadora que não sou capaz de o expressa por palavras.
E quando o avião está prestes a descolar tenho sempre uma conversa com o superior lá em cima. Peço-lhe algo tão simples quanto isto, faz com que eu volte e que tudo esteja como eu deixei. Isto é ao mesmo tempo, o que mais desejo e o que mais temo, cada vez que me afasto da Madeira.
Despeço-me com este excerto deste belíssimo texto:
"A saudade, que só se tem em ausência, é ainda assim um saco que nunca se
esvazia, mesmo quando estamos juntos todos os dias, porque são dias
contados. Nunca poderei devolver a quem amo os dias que lhes retirei.
Posso só tentar que os que partilhamos sejam grandes. Posso só ser mais
amor, tentar ser menos falha, e pedir com a humildade da minha pequenez
que a vida me permita dar-lhes muito mais."
Até breve**