terça-feira, 27 de outubro de 2015

Metamorfose

Olá amigos,
 
à já algumas semanas que tinha decidido resgatar o blogue do baú das recordações, todavia, deixei-o adormecido demasiado tempo e ao segurá-lo novamente nas mãos, mais do que sentir o peso da minha história, apercebi-me de uma fina camada de pó que cobria-lhe a pele.
O seu aborrecimento era palpável, em vez de um sorriso radiante ofereceu-me o seu silêncio recriminatório.

"Abandonaste-me"
 
Ressentimento era aparentemente tudo o que estava disposto a oferecer-me. E eu merecia-o, mereci cada um daqueles olhares acusatórios que me rasgavam a carne como garras.
Assenti, como uma condenada resignada perante a minha inegável culpabilidade. E em desespero de causa, ordenei que as pontas dos meus dedos lhe transmitissem o meu arrependimento.
Sem resultado, nem um singelo olhar de esgueira de encorajamento. Ao invés revirou-me os olhos com enfado.
Acariciei-lhe a superfície de mansinho e pacientemente fui vendo a sujidade desaparecer. Continuei a fazer-lhe festinhas até que o senti finalmente ceder perante a meiguice dos meus dedos. Sussurrei-lhe numa linguagem muda os segredos que lhe tenho escondido e que só a ele me atrevo a confessar.
Pela primeira vez em muito tempo voltei a sentir-me em paz.

Porque trato o meu blogue como um amigo? é simples. Ele é a melhor parte de mim. É nele que conservo intacta a minha inocência. E é através dele que mantenho viva a criança que tenho em mim.
Escrever é a escapatória que encontrei para libertar as minhas emoções, mais do que um prazer, representa em determinadas alturas uma necessidade física. É o barómetro, que equilibra os meus dois pólos, emocional vs. racional.
Podia fazê-lo em privado, sem o partilhar com todos vocês que me lêem, sem me expôr, porém, este cantinho é um refúgio de luz para mim e espero, talvez com alguma presunção, que o seja também para vós.
Espero, que me procurem em especial quando estejam a atravessar um dia de sombras e se as minhas palavras forem capazes de vos transmitir algum calor ao coração, essa é a forma que tenho de retribuir à vida.

Por isso, a vós que nunca me abandonaram durante este meu longo período de reclusão, aos meus amigos e familiares que sempre me instigaram a regressar, mas em especial aos meus seguidores, dizer-vos apenas o seguinte :

Atrevo-me novamente a sonhar por mim e por vós. Atrevam-se a continuar a sonhar comigo.

Até breve**