quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Why So Serious?

 
"Let´s put a smile on that face"
 

Em relação à palhaçada situação política que se vive actualmente no nosso País... muita coisa se tem escrito, exaustivamente debatido, analisado e esmiuçado ao mais ínfimo detalhe e eu  poderia, muitíssimo bem, deixar-me levar por esta espiral.
Aliás, vocês sabem que sou menina para juntar-me feita soldadinho de chumbo enraivecida e marchar destemidamente ao lado deste rol de gente prodigiosa, transbordante de cultura e de intelecto desmesurável. Ah e claro, sempre prontamente disponível para prestar o seu valiosíssimo dever opinativo em prol de um bem maior!
Seria um manifesto de inegável beleza e profundidade, uma cratera de reflexões filosóficas e sociais, uma verdadeira bandeirola digna de estandarte!
Todavia, ao invés, optei por vos deixar estas palavras... bem mais sábias do que qualquer outras que tenho ouvido e lido.
 
Prestem atenção, isto é assunto da mais séria importância nacional...
 
A única crítica é a gargalhada

A única crítica é a gargalhada! Nós bem o sabemos: a gargalhada nem é um raciocínio, nem um sentimento; não cria nada, destrói tudo, não responde por coisa alguma. E no entanto é o único comentário do mundo político em Portugal.
Um governo decreta? gargalhada. Reprime? gargalhada. Cai? gargalhada. E sempre esta política, liberal ou opressiva, terá em redor dela, sobre ela, envolvendo-a como a palpitação de asas de uma ave monstruosa, sempre perpetuamente vibrante, e cruel - a gargalha!
Política querida, sê o que quiseres, toma todas as atitudes, pensa, ensina, discute, oprime - nós riremos. A tua atmosfera é a chalaça.
 
Escrito por Eça de Queirós, em Uma Campanha Alegre, obra que reúne os folhetins publicados pelo escritor em As Farpas, 1890-1891.
 
Um ligeiro desabafo, desculpem, mas não resisto:
 
Temos o País e os políticos que merecemos. Mais do que um "país de brandos costumes", somos um povo que luta sentado, grita depois do leite derramado e discute nas redes sociais tão efusivamente que mais parece que as suas vidas dependem tanto disso como de H2O para sobreviver.
Enquanto os cães ladram corajosa e furiosamente protegidos por um muro espesso de tédio e comodismo, a caravana passa e o circo está montado!
 
A todos os que não votaram, a todos os que se esforçaram arduamente com o seu voto nulo ou em branco, sejam bem-vindos ao espectáculo a que somos agora convidados a participar! Façamos com empenho e orgulho a plateia gargalhar, é esse o derradeiro mérito e glória da nossa nova profissão.
 
Até breve**