segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Oliver Twist


Olá amigos,

Apesar do atraso, esta é a minha sugestão literária do mês de Setembro! Olive twist é um romance de Charles Dickens que relata a vida e as aventuras de um menino órfão. Oliver nasce numa época em que a Inglaterra via-se a braços com uma situação de grande precariedade económica provocada pela era revolução industrial.  
Época essa que ficou marcada por grandes desigualdades sociais e onde a marginalidade e delinquência eram uma forma de sobrevivência entre as classes mais baixas da sociedade londrina. 
É uma história chocante e emocionalmente. A escrita deste autor (pelo menos neste romance) desperta nos leitores um desprezo pela humanidade...que de humano tem apenas o aspecto de Homem... perante as injustiças a que este miúdo é sujeito. Mas quase quando estamos a perder toda a esperança no Homem, Dickens dá uma volta enorme à história, como se quisesse dar às personagens e aos leitores uma nova oportunidade. 
À semelhança do que aconteceu com o próprio, as personagens de Charles Dickens são normalmente crianças, com percursos difíceis e vítimas de injustiças sociais. Mas que apesar de um destino fatalista, acabam conseguindo vence-lo!
 Gostei particularmente da forma zombeteira e de escárnio como o escritor descreve as personagens que personificam uma elite hipócrita e indigna. Uma elite indiferente, que desdém perante as classes pobres e desprotegidas da sociedade. Dando-lhes um toque de caricatura que apesar do drama da situação, chega a ser muito engraçado. 

Gostei mesmo muito deste livro. Uma leitura por vezes massuda e cansativa, mas com um pouco de paciência vale mesmo a pena lê-lo. 
A mensagens transmitida pelo escritor tem tudo a ver com a essência deste blogue.  Dickens "pede" aos leitores para não deixarem de acreditar. Para se atreverem sempre a sonhar. Porque é possível mesmo perante momentos dramáticos e percursos de vida adversos, alterar um destino que parece predestinado ao infortúnio!!

Até breve**

domingo, 17 de outubro de 2010

O tempo


"O tempo é valiosíssimo, mas não custa nada.
Podemos fazer o que quisermos com ele, menos possuí-lo.
Podemos gastá-lo, mas não podemos guardá-lo.
E quando o perdemos, não podemos recuperá-lo.
Passou e pronto."






Foto de Daniel Camacho,  olhares.com/hipnoz
Desconheço o autor da citação.

Generosidade


Olá amigos,

hoje escrevo-vos uma cartinha que gira em torno de um sentimento... a generosidade!  Carta essa , que tem como personagens principais um grupo de pessoas de nacionalidade brasileira. E que se desenvolve sobre o palco de um dos meus cafés de eleição aqui no Porto.
Confusos? Passo a explicar:
Este café fica situada a pouco passos da minha casa, e é um café igual a tantos outros que se encontram em cada esquina, de qualquer cidade. A única particularidade deste espaço, é que desde os proprietários aos empregados, são todos sem excepção provenientes de terras de vera cruz!! Até a música ambiente que normalmente embala os clientes é bossa nova!
Pelo menos uma vez por dia vou até ao "Lux" saciar o meu maior vício... o café! Esta rotina faz com que os empregados já me tratem como parte integrante do estabelecimento. Estanham quando lá não vou e mal me sento, o meu café cheio está a chegar, mesmo sem o pedir! Este gesto é sempre acompanhado por um comprimento deste género: "Olá amor, tudo bem com você?" No inicio estranhava esta familiaridade de trato! Hoje, confesso-vos que estranho se não a ouço!
Onde é que entra a generosidade nesta história?
Ora, sempre que não me levanto à hora de já estar na paragem à espera do autocarro, é no "Lux" que tomo o primeiro café do dia. E pelo menos de todas as vezes que isto aconteceu, vejo entrar uma idosa, carregada com sacos e já curvada pelo peso de uma vida longa. 
Uma senhora que apesar do físico frágil e debilitado, conserva um olhar enérgico e a voz vivaça de uma garota na flor da idade! 
Esta seria uma idosa comum com quem cruzo o meu caminho todos os dias se não provocasse um aperto nas minha entranhas cada vez que a vejo. O motivo é simples, esta mulher, que faz-me lembrar a minha avó, faz do semáforo o seu local de trabalho. É frequente encontra-la no meio da estrada, por entre os carros a pedir esmola...alheia ao inconstante estado da meteorologia.
Voltando ao café, observo-a sentar-se, a trocar umas animadas palavras com o empregado, que traz-lhe de seguida um copo de leite fumegante e um pão com manteiga. 
vejo-a esmigalha  o pão aos pedacinhos e mergulhar no leite, devorando o pequeno-almoço, a uma velocidade que apenas a fome justifica. 
Este gesto volta a repetir-se à hora de almoço, sendo-lhe servido um prato de sopa , um pão e por vezes um sumo de acompanhamento. Ambas as refeições são pagas pelo coração puro de quem lhe serve!
E foi com admiração e algum espanto, que presenciei a uns dias atrás, que a generosidade desta gente não fica por aqui. 
Ao final do dia, o pão e os bolos que não foram consumidos, não são guardados para servir no dia seguinte aos primeiros clientes!!!! São embrulhados  e entregues a outro idoso, desta vez de sexo masculino, que tenho quase como certo, que faz da dura e fria calçada portuguesa a sua cama e das desertas ruas do Porto a sua casa. 
Este homem que tem à vontade mais de 70 anos, ao contraria da "avó" que descrevi a pouco, tem um olhar que reflecte a imagem de alguém que já perdeu a fé e a esperança na vida. 
Sempre que o vejo, tenho a impressão que este move-se comandado por um piloto automático... a que chamarei de sobrevivência. 
Tenho para mim, que à muito que este homem deixou de viver. 
Voltando novamente ao café, vejo-o chegar e esperar à porta sempre com os olhos colados no chão, o fecho do estabelecimento. Altura em que o empregado entrega-lhe o que penso ser (em muitos dias) o primeiro alimento que lhe chega ao estômago! 

Agora que os emigrantes estão na mira de certos governantes europeus... este grupo de "estrangeiros"  (que são tantas vezes discriminados pela sua nacionalidade), dão-me todos os dias uma lição de bondade e generosidade que deveria envergonhar muitos Portugueses!!! (Pelo menos a mim, fazem-me pesar a consciência cada um destes gestos, por lamentar, mas nada mais fazer que isso.)
É verdade que não conseguem mudar a realidade das pessoas que ajudam, mas ao menos trazem um pouco de alegria e conforto às suas vidas!

É bem mais do que eu faço! 

Até breve**

sábado, 2 de outubro de 2010

Salvar uma vida custa tão pouco


"A opção desistir de mim... e de ti! Querido Dragãozinho Azul (mais à frente vais perceber porque te estou a chamar assim...), sim, estou a chorar a tua partida, mas repara que tenho feito tudo para enfrentar a maior perda da minha vida, com a força e a coragem que sempre te tentei passar! Sei que estarás muito orgulhoso dos teus papás pela forma como têm lutado, desde o primeiro segundo em que entraste no hospital... Tudo o que fizemos até aqui foi decidido e feito em conjunto, pelo amor que temos por ti. A tua mamã e eu chorámos abraçados a tua notícia, entrámos de mãos dadas no crematório e foi agarradinhos um ao outro que te deixámos no mar. Ao som da tua música preferida "No One" da Alicia Keys, juntos tocámos nas tuas cinzas e nos despedimos de ti. Gostava muito de te poder dizer que a dor tem sido amenizada com o passar dos dias, gostava de poder dizer que tenho tido mais força com o passar do tempo... mas estaria a mentir. E entre nós nunca houve mentiras, a nossa linda cumplicidade não permitia isso! Vivo um segundo de cada vez sem saber como vou estar no segundo a seguir. A minha vida deixou de ter dias, passei a ter apenas um aglomerado de segundos sem nunca saber o que irá acontecer no segundo seguinte... Luto para manter a vontade de viver, na certeza que já não tenho prazer em viver! Tenho-me lembrado muitas vezes da frase que tantas vezes te disse nas tuas corridas de karts "Desistir não é uma opção!". Quantas vezes te disse isso ao longo da vida, fosse a montar um lego, fosse a fazer os trabalhos de casa, fosse a trepar uma árvore mais alta? Nunca te deixei desistir, porque nunca fora uma opção de quem quer ser homem com H, como tu sempre quiseste ser! Naquela cama do hospital, durante mais de 14 horas, pedi-te ao ouvido, milhares de vezes, para não desistires!!! Mas tu não conseguiste resistir. Não querido, não estou por isso desiludido, porque sei que não desististe. Apenas estou revoltado porque não te foi dada hipótese para lutares mais! Agora passo os dias a lutar também para não desistir e digo vezes sem conta "Desistir não é uma opção! Desistir não é uma opção!". Adorava conseguir acreditar nisto com a mesma intensidade de quando te o dizia... Acho que a única forma que para já encontrei para não desistir foi tentar ultrapassar uma barreira por dia. Todos os dias tenho uma meta a cumprir. Hoje já consigo entrar no teu quartinho. Hoje já consigo olhar para as tuas fotos. Já tive forças para tirar a tua cadeirinha do carro... A barreira que decidi ultrapassar no dia de hoje é ter tido a coragem de te escrever esta carta, no dia em que farias 7 anos! Mas faltam-me muitas outras barreiras para as quais vou precisar da força que só tu tinhas o poder de me dar. Sei que sempre fui uma pessoa forte nas maiores adversidades, mas, querido, todo o homem tem o seu tendão de Aquiles. E eu, apesar de desde o primeiro momento em que tudo isto aconteceu andar a fazer de Super Homem, sinto, a cada dia que passa, que a tua ausência é a kriptonite que me retirou os meus "super poderes"! Tenho a consciência que tenho sido um felizardo em termos de apoio. Não há um dia que não tenha dezenas de chamadas, mensagens e mesmo abordagens na rua de pessoas amigas ou desconhecidas que nos querem bem. Desde o primeiro dia recebemos centenas e centenas de mensagens! Até o nosso Presidente Pinto da Costa nos enviou uma carta a dar-nos força, onde te chamou "Dragãozinho Paulo" (agora já percebeste porque comecei esta carta a chamar-te Dragãozinho Azul...). Já falámos por telefone e disse-lhe que foste cremado com o teu boneco com que dormias sempre, com o teu livro de histórias preferido e... com um cachecol do F. C. Porto! A Carla, a nossa Carlinha não me tem largado um segundo! Nem a dormir me larga a mão. Gostava de lhe retribuir a força que me tem passado com pequenos gestos de carinho, mas neste momento apenas sinto um vazio dentro de mim e não consigo ser quem sempre fui. Resta-me a certeza de saber que ultrapassar esta fase sem ela seria, muito provavelmente, impossível! Espero que todos os homens que passem por isto tenham ao seu lado uma mulher como a Carla! Tenho lido todas as centenas e centenas de mensagens que recebi, nelas tenho conseguido encontrar a energia para o segundo seguinte. É impressionante a quantidade de pais que já viveram este pesadelo. Andes por onde andares, sempre que encontrares uma criança, dá-lhe um beijinho e diz-lhes a todos que têm uns papás muito corajosos cá em baixo! Todas as pessoas me têm dito, sem excepção, que foste para o Céu. Quero acreditar nisso mas o meu amor de pai ainda não me permite pensar/aceitar para onde foste, apenas consigo pensar/chorar onde não estás... ao meu lado! Todos me dizem que agora temos um anjinho no Céu a olhar por nós, mas eu preferia mil vezes o meu diabinho de caracóis na terra! Recebi ainda mensagens a dizer que tenho sido uma inspiração para os pais deste país... fico lisonjeado, mas na verdade apenas quis ser uma inspiração para ti meu filho, em vida! Espero continuar a sê-lo! Sei que fui um privilegiado por ter tido o prazer de ter-te como filho. Espero que leves contigo a alegria de me teres tido como papá! Paulinho, meu amor, não sei quando nem onde nos vamos voltar a encontrar, mas prometo que vou tentar continuar a colar os meus segundos, como se fossem os teus. Quero e vou continuar a sofrer-te para sempre, até porque, no dia que deixasse de o fazer estaria a esquecer-me de ti e isso é impossível! Mas espero que um dia possa voltar a encontrar a alegria de viver, que sempre nos caracterizou aos dois. No dia em que partiste não levaste apenas o teu sorriso... levaste o meu também! Mas sinto que se desistir de mim, estarei a desistir de ti... E como sempre te disse, "Desistir não é uma opção!".
Amo-te MUITO!
Papá
Ps. Não fiques triste por não estares cá no dia de hoje. Vamos fazer na mesma um jantar de aniversário com todos os nossos amigos e, claro, com a tua mamã. Hoje e sempre vamos estar a pensar em ti!"

 Esta cartinha foi escrita pelo jornalista  Paulo Sousa e Costa para o filho que viu morrer numa cama de hospital, horas (HORAS) depois de lhe ter sido diagnosticado uma leucemia rara.
Achei esta carta ideal para chamar a atenção a todos, do quanto é fundamental ser dador de medula óssea. 
Possivelmente para este menino não houve tempo sequer para pensar numa cura, mas tal como o Paulinho, muitas, muitas outras crianças (e não só) estão a morrer todos os dias vitimas desta doença e a sua cura pode estar nas tuas mãos! 
Tu podes ser a única pessoa em todo o mundo capaz de salvar uma vida, porque és a única compatível com ela! 
Encontrar um doador compatível é uma tarefa muito difícil, pois as pessoas são geneticamente muito diferentes. Daí que as doações de medula óssea estejam inseridos num banco de recolha de dados internacional, permitindo desta forma uma maior probabilidade de encontrar esta rara compatibilidade entre dois seres humanos que a única coisa que poderão ter em comum, é um estar gravemente doente, e o outro ser a sua derradeira esperança!
E custa tão pouco ser doador.  
Neste link poderão encontrar toda a informação necessária caso decidam salvar uma vida: