terça-feira, 1 de outubro de 2013

Sugestão literária de Setembro


Olá amigos,

esta é a minha sugestão literária de Setembro. Não estranhem a coral na foto, pois este livro foi o meu parceiro durante as semanas de férias que estive na minha terra. E vamos convir, madeirense que é madeirense é fiel à sua coral! Aqui entre nós, existem poucos programas melhores que uma tarde à beira mar, com um excelente livro por diversão e acompanhado por esta refrescante loirinha!
Mas vamos ao que interessa, este livro de peso e neste caso, quando uso o termo peso é também de forma literal. A edição que tenho é da editora Relógio D'Água e é um calhamaço de 822 páginas.
Mas não deixem que isso vos desanime, Anna Karénina do escritor Lev Tolstoi merece com todo o mérito ter sido qualificado pelo escritor Vladimir Nabokov, como "a obra prima absoluta do século dezanove" e que Dostoiévski descreveu como "um exemplo de perfeição total".
Sem querer desvendar muito da história, este é um romance circular que gira em torno de três relacionamentos distintos e que representam na visão de Tolstoi os tipos de casais existentes à época e os seus diversos resultados. 
Dolly e Oblonsky têm um casamento de fachada, o que os mantém juntos não é amor mas a comodidade, resignação e convenções sociais.
Levin e Kitty, o outro casal que serve como uma alegoria para o casamento, são  os únicos a alcançar um status real de serenidade por ter como base não uma paixão desenfreada, mas um "amor" maduro, confortável. Esta era a forma por excelência que Tolstoi encarava o casamento e a possibilidade de este durar de forma satisfatória e positiva. 
E finalmente, Anna e Vronsky, são o símbolo de um amor que nasceu e desenvolveu-se fora das convenções sociais... e que por estas será asfixiado.
Este casal serve para o escritor abordar uma das suas temáticas favoritas, a hipocrisia da sociedade Russa, na qual homens e mulheres frequentemente mantém relações extra-conjugais com a aprovação de todos, mas reservando-se ao direito de excluir a mulher dos círculos sociais (Porém não o homem. E ao contrario deste, aceita-se que a mulher tenha amantes desde que de forma muitíssimo discreta e nunca pondo em causa o casamento...). 
Anna abandona a família, trai desta forma o papel primordial da mulher: o de esposa e mãe. Infringe assim um voto sagrado, que é o vinculo matrimonial, para fugir e viver "em pecado" com um homem pelo qual se apaixonou.
Anna Kerénina representa a crítica mais feroz e ao mesmo tempo serve para demonstrar todos os subterfúgios e falsidades  nas quais se fundamentava a sociedade russa da época. 
Fiquei assim um bocadinho aborrecida com algumas passagem da obra, nomeadamente as descrições sobre a agricultura russa, as discussões políticas e as crenças religiosas do escritor, mas compreendo que quando foi escrito isto eram temas importantes e até fundamentais.
No geral gostei bastante. É um clássico maravilhoso, a critica social à sociedade Russa e à forma como tratava a Mulher, é para mim a cereja no topo do bolo. Mas requer alguma disciplina para o ler. Não que tenha uma escrita de difícil compreensão, muito pelo contrário, mas porque são imensas personagens, com nomes complicados de acompanhar. Por isso sugiro que à medida que vão lendo façam género uma árvore genealogia para não se perderem!

Espero que gostem!

Até breve**