Olá amigos,
A Amiga Genial é o primeiro volume da tetralogia criada por Elena Ferrante, todavia, ninguém sabe ao certo quem é Elena Ferrante. O que se sabe é que este nome é um pseudónimo que encobre em mistério a real identidade da genial escritora que magistralmente escreveu estes livros.
Sabe-se apenas que é de Nápoles, que se formou em Estudos Clássicos, traduz, ensina e é mãe. Só aceita entrevistas escritas, onde discute somente o processo criativo da sua obra.
Sabe-se apenas que é de Nápoles, que se formou em Estudos Clássicos, traduz, ensina e é mãe. Só aceita entrevistas escritas, onde discute somente o processo criativo da sua obra.
Este livro foi-me recomendado por uma das pessoas mais cultas no âmbito literário que conheço. Só de a ver encantada com ele, a ponto de me recomendar, foi mais do que suficiente para o querer devorar o mais rapidamente possível. Muito ao género dela, recusou-se a levantar um pouquinho do véu sobre o seu conteúdo e o mistério em volta da escritora (o que só me espicaçou mais).
Acabei de o ler ontem e hoje já comecei no II volume. Dizer-vos que a-d-o-r-e-i é pouco. Mesmo muito pouco para a magnitude da história criada por esta mulher.
Quanto à qualidade da sua escrita, oh é deliciosa. Ler Elena Ferrante é como lambuzarmo-nos com o nosso doce favorito mas acompanhado com uma limonada muito pouco adocicada. As personagens são inesquecíveis, descritas de forma crua, nada romanceada. É como se fosse a mão de uma criança inocente e, porém, maldosa a dar vida a estas personagens.
A escrita honesta de Ferrante, choca por conter uma violência sem comedimento, no entanto tem a capacidade de encantar desmesuradamente. Acompanhar a evolução das suas complexas personagens é um deleite.
Esta tetralogia é a história de vida de duas amigas. Começa com este livro em que Ferrante nos apresenta Lila e Elena aos 6 anos. O enredo desenvolve-se no cenário italiano do Pós-guerra, ou seja, segunda metade do século XX, em Nápoles, mais concretamente, num bairro extremamente pobre, onde a violência é a regra do dia.
Temas como a corrupção, a Camorra, submissão das mulher aos homens, medo, miséria, abandono escolar, ignorância, preconceito, amizade, coragem e lealdade encontram-se todos misturados ao longo destas viciantes páginas.
Logo no prólogo ficamos a saber que aos 66 anos Lila decide desaparecer, porém, esta não quis apenas sumir sem deixar rasto. O seu objectivo é apagar a sua pegada na vida como se nunca tivesse existido. Nem um só fio de cabelo deixou para trás.
Na tentativa de contrariar a amiga neste empreitada, de continuar a prolonga-la ao longo do tempo, Elena começa a escrever a sua história. A história de ambas.
A escrita funciona desta forma como uma alternativa de eternizar o que a vida não foi capaz de manter, uma forma de garantir a permanência das pessoas e das lembranças construídas a partir das suas vivências.
Este livro é daqueles que vale a pena oferecer a alguém que vos aqueça o coração intensamente. Não é de difícil leitura, porém, recomendaria para um leitor "médio".
Espero que a história de Lila e Elena vos encante tanto a vós como a mim.
Até breve**